Na década de 1530 Portugal começou a sentir dificuldades em sustentar seu império colonial ultramarino no Oriente e na África e ao mesmo tempo manter a luxuosa corte metropolitana. Os problemas econômicos obrigaram-no a buscar novas alternativas, entre elas e efetiva ocupação da colônia americana. Essa nova realidade não era simples, pois implicava povoar a colônia, gerar atividade econômica sistemática e rentável, e, por fim, estruturar e assumir a administração colonial.
Para criar toda essa estrutura na colônia da América, era preciso disponibilizar recursos financeiros, financiar povoamento, mão-de-obra e assim por diante. O primeiro e mais importante passo nesse sentido foi dado com a implantação e o desenvolvimento da produção da cana-de-açúcar. Sua adaptação nas terras coloniais e sua rentabilidade no mercado europeu propiciaram o sucesso do empreendimento colonial na América portuguesa.
Ocupação Econômica: A Cana-de-açúcar A produção açucareira, nas décadas de 1530 e 1540, foi a primeira atividade econômica sistemática estabelecida pelos portugueses no Brasil. No século XVI, o açúcar ainda era relativamente raro, mas muito procurando pelos europeus; logo, havia bom mercado e a possibilidade de obter altos lucros. Portugal tinha experiência com a cultura de cana, pois já a havia cultivado com certo sucesso nas suas ilhas do Atlântico (Madeira e Cabo Verde). Além desses fatores, as condições geográficas e climáticas do Nordeste (solo bom e em quantidade, maior proximidade da Europa) também favoreciam o desenvolvimento dessa produção. Isso fez do açúcar o principal produto e do Nordeste o centro econômico, social e político do período.
Diante da possibilidade de lucro dessa atividade econômica, a metrópole logo procurou implementar de maneira plena o pacto colonial, que dava ao Estado o direito ao monopólio comercial da colônia. Em troca de tributos, esse monopólio poderia ser concedido a uma companhia comercial ou a grupos econômicos.
O Engenho Açucareiro Os custos financeiros para montar um engenho de açúcar eram altos, o que frustrou os planos e a ambição de pequenos produtores e obrigou, de início, os donatários a contraírem empréstimos internacionais, sobretudo de holandeses e italianos, que viabilizavam apenas a grande propriedade rural, o latifúndio.
Em torno do engenho concentrava-se a maior parte das atividades econômicas coloniais. A terra era destinada exclusivamente ao plantio da cana, por meio da monocultura, restando muito pouco espaço para a agricultura de subsistência e a criação de gado. Após a colheita, o açúcar era manufaturado nas instalações industriais constituídas pela moenda movida à força animal, humana ou à água, pela casa das caldeiras (onde se dava a purificação e o cozimento do caldo) e pela casa de purgar (onde ocorria o branqueamento do açúcar).
A situação do trabalhador no engenho era muito dura, pois ele vivia em ambiente de calor excessivo, cheio de acidentes, com jornadas prolongadas, trabalho noturno, etc. Para alguns estudiosos, a produção do açúcar era quase uma autêntica atividade industrial e provavelmente uma das mais complexas e mecanizadas entre as conhecidas naquele período. A produção em larga escala, a hierarquização das funções e a divisão das tarefas, assim como a disciplina do trabalho sequencial, já apontavam para a formação de fábricas, que somente seriam construídas na Europa na segunda metade do século XVIII.
FEITO POR LUIZ FELLIPE GARCIA
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